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A Cosmologia dos povos
antigos |
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As civilizações mais
primitivas
Em geral os historiadores dividem a
história da humanidade em dois grande períodos: a Idade da
Pedra e a Idade dos Metais. A Idade da Pedra é aquela anterior
à invenção da escrita. Por esse motivo ela também é, às vezes
chamada de Idade Pré-literária. A Idade dos Metais é a
história das nações que se auto-proclamam civilizadas.
A Idade da Pedra cobre pelo menos 95% da história da
existência do ser humano. Ela só irá terminar nas proximidades
do ano 3000 antes de Cristo.
Esta Idade se subdivide
em era Paleolítica, ou antiga idade da pedra, e era
Neolítica, a nova idade da pedra. Chamamos a "era
Paleolítica" de "idade da pedra lascada" enquanto que a "era
Neolítica" é chamada de "idade da pedra polida". Como podemos
ver, cada uma dessas eras é caracterizada pela maneira como as
armas e utensílios de pedra eram fabricados pelos povos que
nelas existiram.
Embora essas divisões sejam
grosseiras, os historiadores dizem que o período Paleolítico
vai de 500000 a 10000 antes de Cristo. O Paleolítico Inferior,
que cobre cerca de 75% da duração global desta era, foi a
época em que surgiram as primeiras quatro espécies humanas na
superfície da Terra: o homem de Java (Pithecanthropus
Erectus), o homem de Pequim (Sinanthropus Pekinenses), o homem
de Fontéchevade e o homem de Neanderthal (Homo
Neanderthalensis). Esta era vai até cerca de 30000 antes de
Cristo. Sabemos muito pouco sobre a cultura, as habilidades e
a ciência desses seres.
De 30000 a.C até 10000
a.C. temos o chamado Paleolítico Superior. Nesta época surge o
homem de Cro-Magnon que desenvolve uma cultura bastante
superior à dos seus antepassados. Estes homens já usam roupas
e criam artefatos mais elaborados como agulhas, anzóis,
arpões, etc.
No Paleolítico Superior os homens de
Cro-Magnon ainda não construiam casas. Eles habitavam cavernas
e a vida grupal tornou-se mais regular e organizada do que
antes. O homem de Cro-Magnon desenvolveu a arte da pintura, a
escultura, o entalhe e a gravação. Ele também desenvolveu o
mito, apresentando idéias muito evoluidas sobre um mundo de
forças invisíveis que passaria a reger todos os momentos de
sua vida. Também foram eles que desenvolveram as primeira
notações numéricas da história da humanidade. Eles faziam isso
na forma de entalhes sobre ossos e, possivelmente, estas
contagens estavam relacionadas com animais abatidos durante a
caça.
O último estágio da Idade da Pedra é conhecido
com período Neolítico. É muito difícil fixar datas para o
período Neolítico. Sua cultura não se estabeleceu solidamente
na Europa antes de cerca de 3000 a.C. No entanto, há provas da
existência desse período no Egito já no ano 5000 a.C. e não
muito mais tarde que isso no sudoeste da Ásia. O fim dessa era
também é difícil de precisar. No Egito ele foi superado um
pouco depois do ano 4000 mas não desapareceu em parte alguma
da Europa (exceto na ilha de Creta) antes do ano 2000 e muito
mais tarde ainda na Europa setentrional. Curiosamente em
certas regiões da Terra ainda existem populações vivendo no
período neolítico. Nas selvas do nosso país ainda encontramos
povos indigenas vivendo com uma cultura neolítica exceto por
alguns costumes que acabam adquirindo de exploradores e
missionários que deformam substancialmente suas culturas.
Na era Neolítica as pessoas
começaram a abandonar a vida nômade e a se agrupar em pequenas
comunidades agrícolas formando, eventualmente, cidades. O
homem neolítico é produtor de alimentos e domestica animais.
Como consequência deste agrupamento de pessoas ocorreu
naturalmente, em várias regiões, o desenvolvimento de muitas
atividades diferentes, em particular aquelas associadas com a
arte. A necessidade de habitações permanentes exigiu móveis e
utensílios, o que desenvolveu a arte na madeira e a cerâmica.
Além disso, as cidades (ou o que parecia ser uma cidade
naquela época) trouxeram a necessidade de localizações fixas
para deuses e deusas, o que levou alguns destes povos a
construirem templos e objetos religiosos. A religião passou a
exigir lugares sagrados para os mortos, com a consequente
fabricação de tumbas, ossários e urnas.
O homem
Neolítico inventou os primeiros barcos e jangadas e desse modo
espalhou-se por todo o mundo atingindo até mesmo ilhas tão
remotas como o arquipélago do Havaí.
Nesta época
também houve o desenvolvimento da religião. Na verdade ela era
mais rito do que crença. Como o homem primitivo dependia
totalmente da natureza, da sucessão regular das estações do
ano, da queda de chuvas nas ocasiões apropriadas, do
crescimento das plantas e da reprodução dos animais, ele
acreditava que esses fenômenos naturais só ocorreriam se ele
cumprisse certos sacrifícios e ritos.
No entanto,
também estava muito presente na religião pimitiva o medo.
Esses homens pré-históricos viviam em um estado constante de
alarme e terror. Eles temiam não só a doença e a morte mas
também a fome, a seca, as tempestades, os espíritos dos mortos
e até mesmo os espíritos dos animais que ele havia matado para
se alimentar. Como no seu imaginário toda desgraça era
precursora de outras desgraças, o homem primitivo acreditava
que só conseguiria quebrar este ciclo nefasto se a má
influência causadora destes males fosse apaziguada ou
aniquilada. E só havia um meio para isso: os feitiços.
À era Neolítica seguiu-se a
chamada Idade do Bronze, o período entre 2200
a 800 a.C. A Idade do Bronze é geralmente marcada pelo uso
cada vez maior de metais substituindo as ferramentas de pedra
e um aumento na fixação dos seres humanos, frequentemente com
sítios marcados por grandes geoglifos (nome dado a desenhos
feitos nas paisagens em épocas antigas, por várias sociedades
e em várias partes do mundo) e estruturas megalíticas, como
Stonehenge (imagem ao lado).
Chamamos de estruturas
megalíticas as construções feitas por estes povos em que há a
presença de megalitos. A palavra "megalito" significa "grande
pedra" em grego. Algumas vezes ela é usada, erroneamente, para
descrever os monumentos megalíticos.
Os monumentos
megalíticos possuem formas gerais variadas mas em todos eles é
característica a presença de enormes blocos de pedra,
dispostos às vezes em forma circular, outras vezes
simplesmente alinhados. Em algumas destas construções é notada
a presença de um enorme monolito, chamado "Menhir", uma pedra
isolada que domina a região. Na Bretanha, França, foi
encontrado o Grand Menhir Brisée de Locmariaquer, que tinha 20
metros de altura e pesava 350 toneladas. Atualmente ele está
tombado e quebrado em 4 pedaços (imagem ao lado).
Existem muitas estruturas
megalíticas espalhadas por todo o mundo. Elas são encontradas
na Inglaterra, Irlanda, Pais de Gales, Escócia, Suécia,
França, Itália, Romênia, Rússia, nas Américas, na Nova
Zelândia e em muitos outros países. Um local que apresenta uma
grande concentração de megalitos é a Bretanha, na França. No
entanto, é impossível ter um mapa completo dos megalitos que
foram construidos no mundo por que muitos foram destruídos
pelas populações locais como, por exemplo, os milhares de
megalitos que existiam no norte da Alemanha.
Sabemos
muito pouco sobre a cultura dos povos que construíram estes
megalitos. Como não haviam inscrições neles também
desconhecemos suas linguas, religiões, costumes ou mitos. Até
recentemente os historiadores associavam a construção dos
megalitos ao chamado "povo Beaker", um povo do final da idade
da pedra que habitou a Europa por volta do ano 2200 a.C.
Acredita-se que este povo, e não os Celtas como comumente é
dito, construiu parcialmente o segundo estágio de um dos
grandes monumentos megalíticos que conhecemos: Stonehenge.
Note que a época em que o povo Beaker existiu é muito anterior
à cultura Celta!
Entretanto, pesquisas mais recentes
revelaram que os megalitos existentes na Bretanha têm, na
verdade, uma origem muito mais antiga. Nesta região foram
encontrados alguns megalitos que datam de cerca de 4600 a.C.,
bem dentro da idade pré-histórica!
No entanto, é muito
importante que se tenha em mente que nem todas estas
estruturas megalíticas têm relação com a astronomia.
A cosmologia neolítica
A cosmologia
é tão velha quanto a própria humanidade. A cosmologia mais
primitiva que conhecemos, criada pelos povos que viveram na
era neolítica, era, como não podia deixar de ser, extremamente
local. Para esses povos o universo era aquilo com que eles
interagiam de modo imediato. Para eles o universo, ou seja, as
coisas cosmológicas, era o clima, os terremotos, os vulcões, e
as fortes mudanças que ocorriam ao longo do ano no meio
ambiente que os cercava. Todas as outras coisas que ocorriam
fora da vida diária comum desses povos eram interpretadas como
sendo sobrenaturais. Esse é o motivo pelo qual muitos
historiadores dão à cosmologia desenvolvida por esses povos o
nome de "Cosmologia Mágica".
Os povos
primitivos projetaram seus próprios sentimentos e pensamentos
internos dentro de um mundo animístico externo, um mundo onde
todas as coisas tinham vida. Através de preces, sacrifícios e
presentes aos espíritos, os seres humanos ganhavam controle
dos fenômenos que ocorriam no seu mundo. Essa é uma visão do
mundo mágica e antropomórfica, de uma terra, água, vento e
fogo vivos, nos quais os homens e mulheres projetaram suas
próprias emoções e motivos como sendo as forças que os
guiavam, o tipo de mundo que encontramos nas fantasias e
contos de fadas.
Já vimos que mais tarde a humanidade
começou a se organizar e desenvolver o que agora chamamos de
sociedade. Um sentido maior de estabilidade em sua existência
diária conduziu ao desenvolvimento de mitos mais elaborados,
em particular mitos de criação cujo objetivo era explicar a
origem do universo. Vários desses mitos ainda mantiveram
temas sobrenaturais mas havia, entretanto, uma pequena
consistência lógica interna em várias dessas histórias. Os
mitos frequentemente tentam uma explicação racional do mundo
diário. Mesmo se considerarmos algumas dessas histórias como
sendo tolices elas foram, em algum sentido, nossas primeiras
teorias científicas. Essa época é chamada pelos historiadores
de "Cosmologia Mítica".
O Universo conhecido
por estes povos era somente aquele visível. Eles não
conseguiam explicar a ocorrência de fenômenos casuais tais
como a aparição de um cometa ou um eclipse. Esses fenômenos
eram observados por eles com pavor e os levaram à elaboração
de muitos mitos associados à astronomia. Ao mesmo tempo, a
necessidade de saber quando semear e quando colher, o que
garantia a subsistência desses povos, fez com que eles
passassem a olhar com mais atenção para o seu universo local.
Isso pode ser comprovado pelas várias construções megalíticas
que sobreviveram até os dias de hoje e que estão, de alguma
forma, relacionadas com dados astronômicos.
No
entanto, existe uma questão bem mais profunda em relação a
essas observações astronômicas: embora vários megalitos tenham
sido, certamente, erigidos para assinalar momentos
astronômicos específicos, como o solstício por exemplo, até
que nível fatos astronômicos poderiam ser compreendidos
pelas pessoas que viviam na época em que essas grandes pedras
foram erigidas?
O fato mais importante a notar é que,
na época em que os megalitos foram construídos, as pessoas não
conheciam a escrita. Deste modo, a pergunta fundamental passa
a ser:
"Que astronomia é possível fazer sem
conhecer a
escrita?" |
Certamente o
não conhecimento da escrita coloca fortes limites sobre o
conhecimento astronômico. Basta lembrar que sem ela fica muito
mais difícil (mas não impossível) realizar uma das tarefas
mais elementares (e importantes) da astronomia: o registro de
ocorrências astronômicas.
Na verdade, alguns
fatos astronômicos diários podem ser registrados sem que seja
necessária a intervenção da escrita. Por exemplo, existem
evidências de que alguns povos primitivos observavam
cuidadosamente as fases da Lua e registravam isto fazendo
entalhes em uma vara de madeira ou arranhões em um osso. A
imagem ao lado mostra o mais antigo objeto com registro
matemático conhecido. Veja que os entalhes marcam valores
numéricos.
Este mesmo processo de registro tornou
possível que vários povos, sem terem o domínio da escrita,
pudessem contar o número de dias em um ano. Qualquer povo
primitivo podia encontrar as direções do nascimento e do ocaso
das estrelas, ou então as direções do nascimento e do ocaso,
mais ao norte e mais ao sul, do Sol e da Lua sem necessitar
escrever. A prova de que isso era feito está nas várias
grandes construções megalíticas que conhecemos tais como
Stonehenge, na Inglaterra.
Podemos dizer que tão logo
os grupos sociais primitivos desenvolveram a linguagem foi
preciso apenas um pequeno passo para eles fizessem suas
primeiras tentativas para compreender o mundo que
existia em torno deles. Enquanto isso, como já dissemos, sua
cosmologia era alimentada pelos mitos de criação do universo,
na verdade mitos que envolviam somente aquilo que eles podiam
presenciar no seu dia-a-dia como, por exemplo, o surgimento e
desaparecimento diário de uma bola de fogo brilhante, e o medo
de que ela não aparecesse no dia seguinte. Havia também um
grande objeto brilhante que assumia várias formas no céu, às
vezes sendo redondo mas mudando sua forma até desaparecer.
Seria o mesmo objeto sempre ou seriam vários? Este estranho
objeto também era capaz de aparecer durante o dia e às vezes
desaparecer por completo. As cores do céu e o seu estranho
salpicado de pontos luminosos que piscavam quando tudo estava
escuro mas não apareciam quando estava tudo claro. Explicar
isso era muito difícil. Melhor acreditar que alguém os criou.
Mesopotâmia
O que era a
Mesopotâmia
A mesopotâmia não foi um império ou um
país. Ao invés disso, a mesopotâmia era uma área geográfica na
qual pessoas, com as mais variadas origens, se instalaram e,
eventualmente, organizaram estados-cidades, que mais tarde se
transformaram em poderosos impérios. Vários destes
estados-cidades primordiais mesopotâmeos foram fundados muito
antes que as mais antigas comunidades políticas egípcias.
A palavra Mesopotâmia, de origem grega, significa "a
terra entre os rios", e este foi o nome dado por Políbio e
Estrabão às terras muito planas que estavam situadas entre os
dois rios que fluem através delas, os rios Tigre e Eufrates.
Este rios correm de Anatólia e Síria até o golfo Pérsico.
A região da Mesopotâmia era limitada ao norte pelas
montanhas do Curdistão. O limite oeste eram as estepes e os
desertos da Síria e da Arábia e a leste estava a cadeia de
montanhas Zagro, no atual Irã. A fronteira ao sul eram os
pântanos do delta do rio.
Ao longo dos rios Tigre e
Eufrates muitas grandes cidades comerciais se formaram, entre
elas Ur e Babilônia às margens do rio Eufrates. A região que
era chamada de Mesopotâmia está situada, aproximadamente, na
mesma região geográfica ocupada hoje pelo Iraque.
Os
impérios formados pelos sumérios, babilônios, caldeus e
assírios se estenderam por toda a região conhecida como
Mesopotâmia.
Os
sumérios
Quem eram os Sumérios
Inicialmente, a maioria das pessoas que habitaram os
vários estados-cidades estabelecidos na Mesopotâmia eram
Sumérios (ou Sumerianos).
Os sumérios era membros de
um povo que estabeleceu uma civilização na Suméria, região que
fica no baixo vale do rio Eufrates, região sul da Babilônia.
Eles vieram de muitos lugares. Alguns deles vieram das terra
de Akbad, o que faz com que suas origem estejam ligadas a
tribos semíticas que viveram no quarto milênio a.C. Outras
tribos se fixaram em Eridu, próximo ao rio Eufrates no sul da
Mesopotâmia, povos estes com uma origem ainda mais antiga. Os
sumérios também se fixaram em Ur, uma região que prosperou até
quase o tempo de Homero, e também em Lagash, uma cidade que
escavações arqueológicas revelaram ser um dos mais criativos
meios ambiente daqueles tempos antigos e que prosperou até
aproximadamente a mesma época da queda do Velho Reinado
egípcio, por volta de 2500 a.C. Claro que estas cidades não
existem mais e só são lembradas pelos que estudam a Bíblia ou
pelos professores e estudantes de história.
Os
sumerianos fizeram florescer uma brilhante civilização durante
o quarto milênio antes de Cristo. Este povo desapareceu no
segundo milênio antes de Cristo, não sem antes transmitir aos
assírios os principais elementos de sua arte e de sua
mitologia.
Os
babilônios
Quem eram os
Babilônios
Como vemos no mapa ao lado, a
Babilônia estava situada na região conhecida como Mesopotâmia.
A história dos babilônios é tão misturada com a dos
sumérios e caldeus que fica difícil separar o passado de cada
um destes povos.
Os historiadores têm dúvidas quanto à
extensão da história dos babilônios. Alguns consideram que ela
se estende até o quarto milênio a.C. enquanto que outros a
traçam somente até o século 18 a.C. quando Hamurabi
estabeleceu a primeira dinastia babilônia.
A
escrita dos Babilônios
Muito do sistema
educacional dos babilônios têm fortes ligações com a cultura
suméria. Sua escrita e sua ciência, em particular a astronomia
e a astrologia, teve suas origens na ciência desenvolvida
pelos sumérios.
Os estudiosos babilônicos eram
sacerdotes e/ou profetas. Deste modo, apenas uns poucos tinham
acesso à educação.
A astronomia babilônia não
foi exceção. Ela foi deixada nas mãos de uns poucos cidadãos
educados que serviam como escribas e eram capazes de usar e
compreender o sistema de escrita que havia sido transmitido
aos babilônios pelos sumérios. Este sistema de escrita, que
usava símbolos em forma de cunha ao invés de caracteres
alfanuméricos, é chamado de cuneiforme e é o mais
antigo sistema de escrita conhecido.
Note que
existiram vários sistemas cuneiformes na região da
Mesopotâmia. Um desses alfabetos é mostrado ao lado.
Com o passar dos séculos ao longo da época antiga os
símbolos cuneiformes sofreram uma evolução gráfica muito
grande até chegarem à sua forma definitiva adquirindo não
somente novos significados mas também tendo o seu desenho
drasticamente alterado. Nas suas formas mais antigas, os
símbolos cuneiformes identificavam principalmente objetos
físicos. Mais tarde os babilônios adicionaram novos símbolos
que representavam idéias abstratas.
A matemática dos Babilônios
A matemática dos Babilônios não seria estranha para
aqueles que estão acostumados com os sistemas binário
(sistemas de base 2) e hexadecimal (sistemas de base 16)
exigidos pela computação moderna. Ela não estava baseada no
sistema decimal que usamos comumente, segundo o qual contamos
todas as coisas usando potências de 10 ou seja, usando 10
dígitos de zero a nove para representar as unidades, e as
notações posicionais de dezenas, centenas, milhares para
representar as potências de 10.
Os babilônios usavam
um sistema de contagem de base 60. Isto os levou a dividir o
círculo em 360 graus. Eles também dividiram a hora em
intervalos usando sua medida sexagesimal. Esta é a razão pela
qual existem 60 segundos em um minuto e 60 minutos em uma
hora.
Os babilônios mostraram ser muito hábeis nas
artes dos cálculos e distinguiram-se na manipulação aritmética
e na representação simbólica.
Foram eles que
inventaram as tabelas de multiplicação e estabeleceram as
regras da aritmética.
A cosmologia na
Mesopotâmia
Há quatro mil anos os babilônios eram
bastante versados em astronomia. A astronomia babilônea é
notada pelos seus registros, contínuos e detalhados, de
fenômenos astronômicos tais como eclipses, posições dos
planetas e nascimento e por da Lua. Alguns destes registros
foram feitos em 800 a.C. e são os mais velhos documentos
científicos existentes.
O propósito desta atividade
era claramente astrológico com o objetivo de predizer a
prosperidade do país assim como a do seu rei.
Além de
registros os astrônomos babilônios também desenvolveram várias
ferramentas aritméticas que, aplicadas às suas tabelas de
dados, os permitiam prever os movimentos aparentes da Lua, das
estrelas, dos planetas e do Sol no céu. Eles podiam até mesmo
prever eclipses.
Entretanto, embora sua preservação de
registros fosse uma tecnologia nova para a época e seu sistema
de nomes estelares e sistema de medição fosse passado para
civilizações posteriores, os babilônios nunca desenvolveram um
modelo cosmológico para nele interpretar suas observações. Os
astrônomos gregos alcançariam este objetivo usando os dados
dos babilônios.
Apesar disso, a cosmologia na
Mesopotâmia era muito mais sofisticada do que, por exemplo, a
do Egito. Os babilônios acreditavam em um universo de seis
níveis com três firmamentos e três terras: dois firmamentos
acima do céu, o firmamento das estrelas, a terra, o submundo
do Apsu, e o submundo dos mortos.
Era assim que os babilônios imaginavam o
Universo. A Terra era um enorme plano que tinha uma forma
circular. Ela repousava sobre uma câmara de água, um rio que a
circunda totalmente. Em volta da Terra havia uma parede que
sustentava uma cúpula onde todos os corpos celestes estavam
localizados.
A Terra foi criada pelo deus Marduk como
uma jangada que flutua sobre o Apsu. Os deuses estavam
divididos em dois panteons, um ocupando os firmamentos e o
outro no submundo.
A cosmologia no
Egito
As dinastias que floresceram
no Egito antigo foram, aproximadamente, contemporâneas dos
povos que habitaram a Mesopotâmia.
Os historiadores
tendem a exagerar as habilidades dos antigos egípcios quando,
na verdade, eles eram uma cultura prática.
Os egípcios desenvolveram a
arte, literatura, arquitetura e até mesmo algumas ciências,
tal como a medicina e a matemática. Uma das principais fontes
de informação sobre a matemática desenvolvida no antigo Egito
é o "Papiro matemático Rhind". Ele foi feito por volta do ano
1650 a.C., mas o responsável pela sua escrita, o escriba
Ahmes, diz que o copiou de um documento mais antigo ainda, que
data da 12a dinastia egípcia (por volta de 1800
a.C.). O Papiro Rhind consiste de uma famosa tabela de números
2/n, onde n= 3, 5, 7, ..., 101, todos eles expressos como uma
soma de frações com o numerador 1. Além disso ele inclui cerca
de 85 exercícios matemáticos acompanhados de suas soluções.
No entanto, os egípcios
não demostraram muito interesse pela astronomia. Ao contrário
dos Babilônios, eles não deixaram grandes registros de
posições planetárias, eclipses ou outros fenômenos
astronômicos. Uma prova desta falta de interesse é o fato de
que um "catálogo do universo" compilado por Amenhope por volta
de 1100 a.C. lista apenas cinco constelações, das quais duas
podem ser identificadas como Orion e Ursa Major, e nem mesmo
menciona Sírius ou qualquer planeta.
A astronomia só
aparece melhor registrada em um documento datado de 300 a.C.
Isto é muito tarde na história do Egito uma vez que a primeira
dinastia começou, aproximadamente, em 3100 a.C. e a história
do Egito antigo só terminou no ano de 332 a.C. quando
Alexandre, o Grande conquistou toda a região. Este documento
astronômico está gravado na base de uma estátua de um homem
chamado Harkhebi e o descreve como tendo observado "tudo
observável no céu e na Terra".
O desenvolvimento da
cosmologia no antigo Egito seguiu linhas práticas. Os egípcios
tinham pouca idéia da extensão e da estrutura do universo. A
cosmologia deles, do mesmo modo que a dos Babilônios, refletia
as suas crenças religiosas.
As idéias que os
antigos egípcios tinham sobre o céu noturno foram formuladas
em vários mitos que então, mais tarde, se tornaram a parte
central da sua religião. Uma vez que suas principais
divindades eram corpos celestes, um grande esforço foi feito
pelos seus religiosos para calcular e prever o instante e o
local do aparecimento de seus deuses. Foram essas habilidades
que levaram à divisão do dia e da noite em 12 seções cada um,
o desenvolvimento de um calendário lunar e o desenvolvimento
de um calendário solar de 12 meses, cada um com 30 dias, e com
uma unidade especial de 5 dias para fazer com que o total
fosse de 365 dias.
Uma vez que o deus Sol, Ra, era o
mais importante dos deuses, o movimento solar anual ao longo
do horizonte era uma observação astronômica chave da
cosmologia egípcia. A determinação do instante e do
posicionamento dos pontos de retorno mais ao norte e mais ao
sul, os solstícios, no fim das contas fixaram a mitologia da
cosmologia egípcia. A lenda egípcia declara que a deusa do céu
Nut dá a luz Ra uma vez por ano, catalisando tanto o
desenvolvimento do calendário como o conceito de realeza
divina e a herança matrilinear do trono.
Nut
frequentemente é representada como uma fêmea nua que se estica
através do céu. O Sol, o deus Ra, é mostrado entrando em sua
boca, passando através de seu corpo salpicado de estrelas e
emergindo de seu "canal de nascimento" nove meses mais tarde
(do equinócio da primavera ao solstício de inverno no
hemisfério norte). Assim Ra se torna um deus que cria a si
mesmo isto é, o universo é auto-criante e eterno.
A
imagem abaixo, extraida do Livro dos Mortos, Deir el-Bahri, do
século 10 a.C., mostra a deusa egípcia do céu Nut, com o seu
corpo suspenso pelo deus do ar Shu. O deus da terra Geb
reclina-se a seus pés.
A cosmologia dos
egípcios |
Nun |
oceano primordial que representa um universo de
caos |
este oceano infinito continha os constituintes
básicos de tudo que existiria eternamente
para os egípcios a água era o elemento básico da
vida
|
Ra |
o deus Sol |
- existia dentro de Nun e permaneceu em repouso até
o momento em que desejou viver
- a partir dele veio o ar que sustenta o céu e o
orvalho e a chuva que umedece a Terra
- de suas lágrimas foram criados os homens e as
mulheres
|
Shu |
o deus do ar |
- nascido de Ra
- sustenta o céu
|
Tefnut |
deusa do orvalho e da
chuva |
- filha de Ra
- deu à luz Geb (Terra) e Nut (Céu)
- entretanto, Geb e Nut casaram sem a aprovação de
Ra de modo que ele ordenou que Shu separasse a Terra e
o Céu para sempre
|
Osiris |
deus da natureza e da
vegetação |
- primeiro filho de Geb e Nut
- a ele a Terra deve a sua
fertilidade
| Por
volta do chamado Velho Reinado, o entusiasmo
astronômico-religioso dos faraós é refletido na construção das
enormes pirâmides em Giza. Elas eram caminhos de pedra para os
deuses e foram orientados para alcançar os deuses imortais
isto é, as estrelas circumpolares do norte.
A Cosmologia na
Ásia Existia (a ainda existe) um
certo desejo entre historiadores eurocêntricos em retroceder a
ciência e filosofia antigas somente até os gregos. Com isso
esses importantes pilares do conhecimento humano,a ciência e a
filosofia, aparecem como algo totalmente criado no ocidente.
Deste modo a pré-história asiática das ciências ocidentais, em
particular a base asiática sobre a qual se apoia uma parte da
ciência e filosofia gregas, é absolutamente ignorada. Mais
recentemente começou a haver um reconhecimento, com uma certa
má vontade, de que os Babilônios e os Egípcios podem ter
contribuido para o desenvolvimento das idéias científicas e
filosóficas dos gregos.
A cosmologia na
India A literatura dos Vedas e
a arqueologia indianas nos fornecem bastante evidências
relacionadas com o desenvolvimento da ciência pelos povos que
habitavam este país. Segundo alguns arqueólogos, existem
registros que nos permitem acompanhar estes desenvolvimentos
recuando no tempo até o ano 8000 a.C. A mais antiga
fonte textual destas narrativas históricas está no Rig Veda, o
livro sagrado dos Hindus, que é uma compilação de material
muito antigo. A descoberta de que Sarasvati, o importante rio
da época Rig Vedica, ficou seco por volta do ano 1900 a.C.
devido a movimentos tectônicos fortalece a idéia de que os
hinos do Rig Veda recordam eventos anteriores a esta época. De
acordo com a história tradicional o Rig Veda é anterior a 3100
a.C. Existem referências astronômicas neste e em
outros livros Védicos que recordam eventos ocorridos no
terceiro ou quarto milênio a.C. ou ainda antes deste tempo.
Em resumo, os textos Védicos apresentam uma visão do
universo que é tripartida e recorrente. O Universo é visto
como três regiões, terra, espaço e céu, que no ser humano
estão espelhadas no corpo físico, a respiração (prana) e
mente. Os processos que ocorrem no céu, sobre a terra e dentro
da mente são tomados como estando conectados. O universo
também está conectado com a mente humana conduzindo à idéia de
que a introspecção pode produzir conhecimento. O universo
passa por ciclos de vida e morte. Os profetas Védicos
estavam cientes de que todas as descrições do universo
conduzem a paradoxos lógicos. Mostramos abaixo um dos
hinos sobre a criação que faz parte dos Vedas (cantem todos,
bem alto!).
As características mais
notáveis da visão Védica do universo eram:
- o Universo é grande, cíclico e extremamente
velho
Os Vedas falam de um universo infinito
e os Brahmanas mencionam "yugas" (eras) muito grandes. A
visão Védica recorrente do universo exige que o próprio
universo passe por ciclos de criação e destruição. Esta
visão cíclica se tornou parte da estrutura astronômica
desenvolvida por eles e isso fez com que ciclos muito
longos, de bilhões de anos, fossem considerados. Os Puranas
falam do universo passando por ciclos de criação e
destruição de 8,4 bilhões de anos embora também existam
ciclos mais longos.
Assim, na cosmologia hindu o
universo tem uma natureza cíclica. A unidade de medida usada
é a "kalpa", que equivale a um dia na vida de Brahma, o deus
da criação. Uma kalpa tem aproximadamente 4,32 bilhões anos.
O final de cada "kalpa", realizado pela dança de Shiva, é
também o começo da próxima kalpa. O renascimento segue à
destruição. Shiva é representada tendo na mão direita um
tambor que anuncia a criação do universo e na mão esquerda
uma chama que destruirá o universo. Muitas vezes Shiva é
mostrada dançando num anel de fogo que se refere ao processo
de vida e morte do universo.
O mais notável na
cosmologia hindu, que lhe dá uma característica única, é o
fato de que nenhuma outra cosmologia antiga usou períodos de
tempo tão longos nas suas descrições cosmológicas.
- um mundo atômico
De acordo com a
doutrina de Kanada existem nove classes de substâncias:
- éter, espaço e tempo, que são contínuas.
- as quatro substâncias elementares, ou partículas,
chamadas terra, ar, água e fogo, que são atômicas.
- dois tipos de mentes, uma onipresente e outra que é o
indivíduo.
A doutrina atômica de Kanada é, em
certos aspectos bem mais interessante do que aquela proposta
pelo grego Demócrito.
- relatividade do espaço e do tempo
Descrições mostrando que nem o espaço nem o tempo
precisam fluir à mesma taxa para observadores diferentes é
encontrada nas histórias de Brahmana e Purana assim como no
Yoga Vasistha.
Certamente estas histórias não têm
qualquer ligação com a teoria da relatividade especial que
estabelecem um limite superior para a velocidade da luz.
- números binários e infinito
Parece
que um sistema de números binários foi usado por Pingala por
volta do ano 450 a.C. A estrutura deste sistema numérico
pode ter ajudado na invenção do sinal para o zero, feita
pelos indianos possivelmente entre os anos 50 a.C a 50 d.C.
Sem o símbolo do zero a matemática teria tido grandes
dificuldades no seu desenvolvimento. O sistema de números
binários foi descoberto no ocidente pelo matemático alemão
Leibnitz em 1678, quase 2000 anos depois de Pingala.
A idéia do infinito é encontrada nos próprios Vedas.
Ele foi corretamente compreendido como aquilo que permanece
inalterado se adicionarmos ou subtrairmos dele o próprio
infinito.
Segundo a crença hindu o universo é
destruido no final de cada kalpa, que é a vida do deus
criador Brahma. Entre a destruição do universo e sua
recriação, no final de cada ciclo, o deus Vishnu repousa nos
anéis de Ananta, a grande serpente do infinito, enquanto
espera o universo se auto-recriar.
A imagem abaixo mostra um
dos conceitos hindús do Universo. A Terra, chamada por eles de
Monte Meru, e as regiões infernais eram transportadas por uma
tartaruga, símbolo da força e poder creativo. Por sua vez, a
tartaruga repousava sobre a grande serpente, que era o emblema
da eternidade. Existiam três mundos. A região superior era a
residência dos deuses. A região intermediária era a Terra e a
região inferior era a região infernal. Eles acreditavam que o
Monte Meru cobria e unia os três mundos. No topo do Monte Meru
estava o triângulo, o símbolo da criação. As estrelas giravam
em volta da montanha cósmica Meru.
A ciência indiana, mas
não a sua religião, sofreria uma profunda modificação com a
incorporação dos conhecimentos trazidos pelos gregos.
Ocorre que a transmissão das idéias desenvolvidas
pelos filósofos gregos para os árabes não foi algo que ocorreu
de modo direto. Antes de chegar aos árabes, a filosofia grega
passou pela Índia. Esta transmissão de conhecimentos dos
gregos para os indianos possivelmente já ocorria desde o final
do período grego antigo, em particular desde a época das
conquistas de Alexandre, o Grande. Certamente muitas
idéias e inovações científicas surgiram na India em uma época
anterior à idade científica grega. No entanto, os
historiadores não conseguiram mostrar que as inovações criadas
pelos indianas de alguma forma estivessem associadas às
correspondentes inovações que surgiram na Grécia. Os
astrônomos indianos ficaram fascinados com a astronomia grega.
Em particular eles se impressionaram com o método científico
que os gregos tinham trazido, e tornado necessário, para a
ciência. No entanto, os filósofos indianos estavam
pouco preocupados com dados puramente observacionais. Seu
principal interesse se fixava nos princípios subjacentes que
governavam o movimento dos planetas, do Sol, e da Lua, ou
seja, eles se interessavam mais pela matemática que descrevia
estes movimentos e que já havia sido desenvolvida pelos
astrônomos gregos. Os filósofos indianos sempre foram
fascinados pela matemática. Foram os matemáticos indianos que
inventaram o zero, uma absoluta necessidade para que pudesse
ser desenvolvida uma aritmética tratável. Isto se refletiu
diretamente no desenvolvimento da ciência quantitativa.
A era realmente produtiva da antiga astronomia
indiana, entretanto, ocorreu muito depois que os gregos
passaram a fazer parte do império bizantino. Este
desenvolvimento deve ter acontecido do meio do terceiro século
até o sétimo século, pois foi durante este período que a Índia
teve um grande desenvolvimento sob as regras da dinastia Gupta
e a cultura Harsch. Nesta época a cultura hindu experimentou
sua idade de ouro. Durante este tempo viveram os dois
principais astrônomos indianos Aryabhata e Brahmagupta.
Aryabhata de Kusumapura nasceu no ano 476. Ele foi um
grande matemático, o primeiro a usar álgebra na astronomia.
Seus trabalhos, incluidos como parte de uma compilação
tradicional de escritos matemáticos e astronômicos
coletivamente conhecidos como Siddhantas, incluiam fórmulas
aritméticas, medições trigonométricas e equações quadráticas.
Aryabhata acreditava que existiam fórmulas algébricas
e princípios geométricos capazes de explicar toda a mecânica
celeste. Ele não aceitava o processo ptolomaico usado para
explicar e verificar fatos astronômicos. Na verdade, Aryabhata
nunca esteve completamente satisfeito com as idéias de
Ptolomeu sobre as maneiras pelas quais os planetas se moviam
nem com as várias idéias cosmológicas deste filósofo grego.
Aryabhata opunha-se particularmente à idéia de que a
Terra estava em repouso. Ele se sentia bastante seguro de seus
próprios cálculos e observações e, baseado neles, afirmava que
a Terra devia girar, estivesse ou não fixa em uma coordenada
espacial. Brahmagupta, que viveu no período entre
590-660, também foi matemático e astrônomo. Ele escreveu um
poema chamado "Brahma-Sphuta-Siddhanta", que significa
"sistema melhorado de Brahma", que era, na verdade, um
trabalho sobre astronomia que incluia também capítulos sobre
matemática. Brahmagupta conhecia muito bem as idéias
de Ptolomeu e Aryabhata. No entanto, ele preferiu apoiar as
teorias planetárias de Aryabhata, pois ele também acreditava
que haviam evidências suficientes para provar que a Terra
girava.
A cosmologia na
China A cosmologia da China antiga
pode ser vista na arte, arquitetura e nos escritos mais
antigos deste povo. Ela está fortemente impregnada com as
religiões dominantes, o Taoismo e o Confucionismo. A
cosmologia chinesa é muito esparsa no que diz respeito à
criação. Entretanto, existe um mito que data do século 3 a.C.
que estabelece que no começo, o céu e a terra estavam unidos
sob a forma de uma vasta nebulosidade na forma de um ovo. O
primeiro homem sobre a Terra foi Pangu, e foi ele que separou
o céu e a terra. Alguns dizem que ele fez isso usando um
machado. Outros dizem que ele fez isso crescendo cada vez mais
até que os dois foram obrigatoriamente divididos. Em qualquer
um dos casos, a porção mais leve deslocou-se para cima,
tornando-se o firmamento enquanto a porção mais pesada
acomodou-se na parte de baixo e se tornou a terra.
Quando Pangu morreu sua cabeça se tornou as montanhas,
seus olhos o Sol e a Lua, suas artérias e veias os mares e
rios e seu cabelo e pele as plantas e os vegetais. Não
obstante, seus restos mortais são ditos terem sido enterrados
em algum lugar em uma montanha na província de Guangdong.
A interpretação chinesa da orientação física do
universo teve pouca influência filosófica. Existem várias
interpretações individuais diferentes mas cada uma delas
contém várias idéias básicas comuns sobre a estrutura
universal. Sabemos que os chineses na verdade
distinguiam entre estrelas e planetas e que eles já tinham
notado o comportamento errático de vários corpos celestes.
Existiam inicialmente três modelos de orientação celeste:
- Gai Tian era a teoria do firmamento em forma de
domo. Ele colocava o que hoje chamamos de Ursa Maior no
centro do domo celeste e a China ficava no centro da Terra.
- Hun Tian era a escola que previa um firmamento
esférico com uma forma muito semelhante a um ovo de galinha
onde a terra é como a gema. O firmamento era mantido
suspenso por um vapor chamado "qi". Esta teoria particular
conduziu a vários avanços tecnológicos na astronomia como a
construção de esferas e anéis armilares.
- Xuan Ye era a teoria que nos dizia que o universo
era infinito e os corpos celestes estavam suspensos nele.
Essa idéia, obviamente, não era justificada por qualquer
fato ou observação.
Em quase todas estas
interpretações do firmamento, um vento ou vapor celestial
sustentava os corpos celestiais. Este é um conceito chines
muito comum no qual o vento não somente mantinha suspensas as
estrelas fixas no céu mas também, devido ao arrasto viscoso
proveniente da Terra, produzia o movimento para trás do Sol,
da Lua, dos cinco planetas visíveis e das estrelas. Os
chineses percebiam o céu como sendo arredondado. Ele tinha
nove níveis cada um dos quais separado por um portão e
guardado por um animal particular. O nível mais alto era o
"Palácio da Tenuidade Púrpura". Era ai que o Imperador do Céu
vivia, na constelação que hoje chamamos de Ursa Major.
No centro do céu estava o Pólo Norte e
a Estrela Polar. O pólo celeste era uma característica crítica
da cosmologia chinesa. Para os chineses o centro era o ponto
geográfico mais importante porque ele era o mais próximo ao
firmamento. Eles acreditavam que o coração da civilização
estava situado no centro da Terra e à medida que a Terra se
espalhava para fora deste centro as terras e seus habitantes
se tornavam cada vez mais selvagens.
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