Galileo nasceu no
dia 18 de fevereiro de 1564 em Pisa, Itália, e morreu no dia 8
de janeiro de 1642 em Arcetri.
A imagem ao lado, é uma
pintura de Galileo feita por Domenico Robusti, filho do grande
pintor Tintoretto, em 1605-1607, quando Galileo tinha cerca de
42 anos e vivia em Pádua.
Pela sua maneira de ver a
ciência e pelos trabalhos apresentados Galileo é considerado
por vários historiadores como o primeiro "cientista moderno".
Foi Galileo que argumentou que a matemática, ao invés
de ser uma perfeição, é a verdadeira linguagem da ciência.
As idéias de Copernicus, lançadas em 1543, permaneciam
como teoria. Elas ainda não haviam feito qualquer estrago na
aceitação ortodoxa da teoria de Ptolomeu. Os mais importantes
astrônomos da época já estavam convencidos do valor da teoria
de Copernicus mas discutiam e desenvolviam o tema em
privacidade. A instituição igreja, guardiã da verdade, vigiava
atentamente qualquer tentativa de debate público sobre esses
temas.
Esta situação mudaria abruptamente em 1610
quando Galileo descobriu uma firme prova das teses de
Copernicus.
Galileo e o telescópio
Na época de Galileo as lentes de vidro já
eram conhecidas há cerca de 300 anos. A data e o local de sua
origem não são claros mas elas eram usadas por fabricantes de
óculos para corrigir defeitos da visão humana. É bom lembrar
que os ópticos daquela época não tinham a menor idéia dos
princípios físicos que poderiam justificar o funcionamento de
seus "vidros" e, consequentemente, a construção de óculos era
feita de um modo puramente experimental.
No verão de
1609, um mensageiro que retornava a Veneza vindo da Holanda
contou a um professor de matemática da cidade de Padua,
Galileo Galilei, que um holandês havia inventado recentemente
um aparelho que fazia objetos distantes ficarem mais próximos.
Galileo imediatamente construiu um telescópio para ele
mesmo testar o seu princípio. Ele chamou seu primeiro
telescópio de "perspicillium". Já em 1609 Galileo usou-o, pela
primeira vez, para estudar os céus. A imagem a esquerda mostra
dois dos telescópios construidos por Galileo em uma montagem
que inclui uma lente objetiva quebrada.
A imagem da direita
mostra a lente do maior telescópio feito por Galileo e que foi
acidentalmente quebrada por ele. Galileo montou a lente no
centro deste quadro de marfim.
Astutamente, Galileo
construiu uma versão muito melhorada do telescópio e a ofertou
ao Doge de Veneza, Itália. Padua era governada por Veneza e o
senado veneziano, muito impressionado, dobrou o salário de
Galileo, confirmando-o em seu posto para toda a vida.
Agora, com uma situação financeira bem definida, Galileo
se estabeleceu em Padua e passou a fazer uso sério do novo
instrumento apontando-a para o céu noturno.
Em um ano
Galileo melhorou tanto seu telescópio que agora tinha à sua
disposição um instrumento capaz de aumentar 30 vezes. Usando
estes telescópios que ele mesmo projetava e construia,
Galileo, durante o ano de 1610, fez algumas surpreendentes
descobertas astronômicas, algumas delas com enormes
consequências filosóficas.
Uma das mais importantes
consequências de suas observações foi o fato de Galileo ter
notado que para qualquer parte do céu que ele olhasse com o
seu telescópio ele via mais e mais estrelas. Isto refutava a
idéia de Aristóteles de que o céu continha somente um certo
número de estrelas e que este número conhecido não poderia ser
mudado.
O "Siderius Nuncius"
No dia 12 de março de 1610 Galileo
publicou um relatório geral de suas observações. O texto tinha
o título "Siderius Nuncius" (O Mensageiro Sideral) onde ele
descrevia suas primeiras descobertas com o telescópio.
A página título do Siderius Nuncius de Galileo anuncia
ele mesmo como um florentino que ensina em Padua e que
recentemente usou um "perpicillium" para examinar a Lua, as
estrelas fixas, e a Via Láctea e descobrir as quatro "estrelas
Mediceanas" ("Medicea Sidera") que se movem em torno de
Júpiter com "surpreendente velocidade".
Esse livro trouxe
fama imediata para Galileo. Sua publicação fez com que Galileo
conseguisse o trabalho que ele procurava na corte do
grão-duque Cosimo II de Medice, em Florença (imagem a
direita). Ele foi até mesmo bem recebido em 1611 na Roma
papal.
Como haviam quatro irmãos Medice, Galileo
considerou chamar os quatro satélites de Júpiter que ele havia
revelado de "Estrelas Mediceanas". No entanto, ele achou que
isto poderia diminuir o impacto sobre Cosimo, o mais poderoso
e mais velho dos quatro irmãos Medice. Galileo decidiu então
chamar os satélites de Júpiter de "Estrelas Cosmicanas" numa
alusão a Cosimo. O secretário do duque Cosimo logo alertou
Galileo que este nome parecia demais com "Estrelas Cósmicas",
o que faria a homenagem perder o sentido. Galileo dirigiu-se à
gráfica onde o Siderius Nuncius estava sendo impresso e
colocou uma pequena fita sobre o texto original, mudando-o
para "Estrelas Mediceanas".
Entre as descobertas reveladas
por Galileo no Siderius Nuncius estavam as crateras e
montanhas na Lua. A partir desta revelação, Galileo notou que
a Terra não era tão diferente dos objetos celestes.
A
descoberta de montanhas na Lua mostrava que o nosso satélite
era parecido com a Terra e não tinha uma superfície suave e
esférica como as idéias de Aristóteles exigiam para os corpos
celestiais perfeitos.
A Lua, de modo algum, era o
globo etéreo de cristal puro imaginado por Aristóteles.
Este é um dos desenhos da Lua apresentados por Galileo
no Siderius Nuncius.
Galileu observa os
satélites de Júpiter
Galileo tinha muito cuidado
com suas observações e desde o início do uso do telescópio
procurou registrar o que estava vendo.
A imagem a
esquerda é a representação das estrelas na vizinhança do
cinturão e da espada de Orion feita por Galileo e publicada no
seu texto "Siderius Nuncius" (O Mensageiro Sideral).
Galileo também descobriu os quatro maiores satélites
de Júpiter, agora chamados satélites galileanos, e que são Io,
Europa, Calisto e Ganimedes.
Ele notou que o
comportamento orbital desses pequenos objetos era aquele
previsto anteriormente por Copérnico.
A imagem a direita
mostra as anotações de Galileo, onde vemos a disposição dos
satélites de Júpiter observados por ele com o seu telescópio.
O círculo maior representa Júpiter enquanto que as
"estrelas" são os satélites.
Vê-se claramente que
estes satélites estão mudando suas posições continuamente
próximo ao planeta, o que indica que eles estão girando em
torno de Júpiter e não são estrelas situadas no fundo celeste.
Entretanto, a primazia de ter sido o primeiro a ver os
quatro maiores satélites de Júpiter é disputada pelo alemão
Simon Mayr, conhecido como Simon Marius (1570-1624), que alega
ter visto estes objetos em 1605.
À esquerda
mostramos uma página das notas observacionais de Galileo sobre
os satélites de Júpiter apresentada no texto Siderius Nuncius.
Ainda mais curioso é o fato de que talvez nenhum dos
dois tenha sido o primeiro a ver os satélites de Júpiter.
Um antigo registro chinês diz que Kan Te, um astrônomo
chinês do século 4 a.C. fez várias observações de Júpiter.
Em um de seus livros Kan Te narra que Júpiter parecia
ter "uma pequena estrela avermelhada associada a ele".
Este registro pode indicar que ele estava observando o
mais brilhante dos satélites de Júpiter.
Parece que,
sob condições de céu muitíssimo especiais, este satélite de
Júpiter pode ser visto a olho nú.
Se este registro é
verdadeiro, Kan Te pode ter notado a existência deste satélite
de Júpiter cerca de 2000 anos antes de Galileo, ou Simon
Marius, tê-lo feito com a ajuda de um telescópio.
Galileo e as fases de Vênus
Uma outra observação importante feita por Galileo, e
descrita no Siderius Nuncius, diz respeito às fases de Venus.
Galileo notou que Vênus possui fases que podem ser
facilmente explicadas:
- Vênus é um planeta inferior. Planetas inferiores são
aqueles que estão mais próximos do Sol do que a Terra, ou
seja, são os planetas Mercúrio e Vênus. Por estar tão
próximo à Terra e situado mais próximo do Sol, Vênus possui
fases do mesmo modo que a Lua.
- Vênus fica mais próximo da Terra na conjunção inferior
do que na conjunção superior. Assim, o tamanho angular de
Vênus muda à medida que a distância entre ele e a Terra
varia, ficando maior na conjunção inferior e menor na
conjunção superior.
- do mesmo modo que a Lua, Vênus cresce e mingua visto a
partir da Terra.
- quando Vênus está "cheio", nós não podemos vê-lo porque
o Sol está no caminho.
- à medida que Vênus "mingua" a partir da fase "cheia" ele
se torna maior porque está se aproximando da Terra.
- quando ele está mais próximo de nós não podemos vê-lo
porque nenhuma luz é refletida na nossa
direção.
Como era costume naquela época, no
início de dezembro de 1610, Galileo enviou a Giuliano de
Medici, irmão do grão-duque Cosimo de Medici, um anagrama
contendo uma informação chave sobre as fases de Vênus. No dia
do ano novo de 1611, Galileo decifrou o anagrama para
Giuliano. O anagrama rearranjado dizia:
Cynthiae figuras aemulatur mater
amorum ou seja
"A mãe dos amores imita as formas de
Cynthia" . Com esta frase Galileo queria dizer que,
tal qual a nossa Lua (Cynthia), Vênus apresentava um conjunto
completo de fases.
"Cartas sobre as Manchas
Solares"
Galileo continuou a
pesquisar os céus e, projetando a imagem do Sol sobre um
pedaço de papel, conseguiu observar manchas sobre a superfície
do Sol, as chamadas manchas solares.
Isto mostrou a
Galileo, e a todos os astrônomos e filósofos, que a superfície
do Sol era imperfeita, outro duro golpe contra os defensores
da cosmologia de Aristóteles pois acabava com a idéia do Sol
perfeito.
Galileo também notou que o movimento
aparente das manchas através do disco solar mostrava que o Sol
possuia rotação em torno do seu eixo.
Sentindo-se
encorajado a ser mais explícito nas suas idéias Galileo
publicou em Roma em 1613 seus resultados em um livro chamado
Istoria e dimostrazioni intorno alle machie
solari que significa "Avaliação e evidência das
manchas solares".
Este trabalho estabelece diretamente
que o movimento das manchas através do Sol prova que
Copernicus está correto e Ptolomeus errado. É um duro golpe,
frontal, contra as teorias de Ptolomeus. Foi neste importante
texto que Galileo fez, pela primeira vez por escrito, uma
declaração de sua crença no modelo de Copérnico. Isso a Igreja
não iria aceitar.
A imagem ao lado mostra anotações
feitas por Galileo, e apresentadas no seu livro, onde ele
assinala manchas sobre a superfície do Sol.
As
descobertas de Galileo versus Ptolomeu
Assim como
muitos outros cientistas de sua época, Galileo há muito tempo
declarava, particularmente, estar convencido de que o sistema
heliocêntrico de Copernicus era correto. Para ele a
tradicional avaliação do universo feita por Ptolomeu era uma
concepção errada e que já havia sido remendada demais por
outros cientistas à procura de uma solução para os seus
inúmeros problemas. Ele expressa esta visão em uma carta para
Kepler em 1597. O que ele agora observa refuta, além de
qualquer dúvida científica, as teorias de Polomeu que eram
conservadas como relíquias sagradas.
Focalizando seu
telescópio em Júpiter, Galileo viu quatro satélites girando em
torno desse planeta. Se Júpiter estivesse fixado a uma esfera
de cristal, como Ptolomeu afirmava, estes satélites a
rachariam. Deste modo, ao contrário do que muitos filósofos
pensavam, outros objetos no Sistema Solar também tinham
satélites em órbita em torno deles.
Vênus passava por
um intervalo inteiro de fases e Saturno possuia anéis, como
ele escreveu no Siderius Nuncius.
Ao observar o Sol
Galileo viu manchas que, ao longo de um período de tempo, se
moviam através de sua superfície. A implicação evidente era
que o próprio Sol estava girando, não fixado à sua própria
esfera de cristal como Ptolomeus queria.
As
observações de Galileo sugeriram que os céus eram tão
"imperfeitos" quanto a Terra. Mais ainda, elas o levaram à
conclusão de que o modelo de Copérnico do Sistema Solar era
preferível ao modelo de Ptolomeus.
As idéias de
Galileo e a ciência oficial
Com a publicação do
livro Istoria e dimostrazioni intorno alle machie
solari e vendo as afirmações ali contidas, os círculos
tradicionais se sentiram ultrajados.
Logo depois da
chegada de Galileo a Roma, o Santo Ofício decidiu ponderar
sobre duas importantes proposições:
- que o Sol é o centro do Universo e, consequentemente,
não é alterado por qualquer movimento local.
- que a Terra não está no centro do Universo nem é sem
movimento, mas se move como um todo, e também tem movimento
diurno.
No dia 24 de fevereiro de 1616 a
primeira proposição foi declarada "formalmente herética" e a
segunda "errônea na fé".
Um decreto papal de 1616
colocou Copernicus e sua teoria no índice de material
censurado pela igreja. Não só os trabalhos de Copérnico foram
censurados, como também o foram todos os outros livros que
ensinavam a mesma doutrina. Na verdade o texto "De
Revolutionibus" de Copérnico foi apenas censurado e não
banido, em parte devido aos argumentos do cardeal Barberini,
que mais tarde se tornaria o papa Urbano VIII.
Galileo
por ser profundamente religioso e respeitar a Igreja Católica
logo tomou providências para seguir as recomendações da
Sagrada Congregação do Índice.
A imagem ao lado mostra
passagens no texto de Copernicus, pertencente a Galileo, que
foram censuradas por seu próprio punho em 1616 em acordo com o
que havia sido recomendado pela Sagrada Congregação. Nele
vemos que Galileo cortou a última sentença do capítulo 10 do
"De Revolutionibus" em que estava escrito: "Tão vasto, sem
qualquer dúvida, é a divina obra do mais excelente Todo
Poderoso". Galileo também mudou o título do capítulo seguinte
de "Sobre a explicação do movimento triplo da Terra" para
"Sobre a hipótese do movimento triplo da Terra e sua
explicação".
Quanto a Galileo, o cardeal Bellarmino (ao
lado) foi instruido pelo papa a adverti-lo a abandonar os
pontos de vista censurados.
No dia 26 de fevereiro, na
presença do Comissariado Geral do Santo Ofício, o cardeal
Bellarmino chamou a atenção de Galileo.
Galileo obteve do
cardeal Bellarmino a seguinte declaração:
|
"Nós, Roberto Cardeal
Bellarmino, tendo ouvido que é caluniosamente citado que
o Senhor Galileo Galilei em nossas mãos abjurou e também
foi punido com saudável penitência por isto; e
averiguações terem sido feitas no que diz respeito à
verdade, dizemos que o dito senhor Galilei não abjurou
qualquer opinião ou doutrina dele em nossas mãos nem
naquela de qualquer outra pessoa em Roma, muito menos em
qualquer outro lugar, no nosso conhecimento; nem ele
recebeu penitência de qualquer tipo; mas somente foi
dito a ele a decisão feita por Sua Santidade e publicada
pela Sagrada Congregação do Índice, na qual é declarado
que a doutrina atribuida a Copernicus, de que a Terra se
move em torno do Sol e que o Sol está fixo no centro do
Universo sem se mover de leste para oeste, é contrária
às Santas Escrituras, e por conseguinte não pode ser
defendida ou sustentada."
|
Galileo foi forçado a se
ocupar pelos próximos sete anos com outros estudos. Mas em
1623 uma outra chance foi dada a ele.
Após a eleição
do cardeal Barberini à cadeira papal em 1623 como o papa
Urbano VIII, Galileo decidiu testar, de novo, a disposição da
igreja no que diz respeito à teoria de Copernicus.
Naquele ano ele publicou "O Ensaiador" e o dedicou ao
papa Urbano, que, dizem, ficou muito agradecido pela
dedicatória.
Então, em abril de 1624, Galileo foi para
Roma, tendo sido calorosamente acolhido pelo papa. Embora seus
apelos para que o decreto de 1616 fosse revogado tivessem sido
recebidos com evasivas, Galileo ficou com a impressão de que o
debate sobre a teoria de Copernicus não teria oposição.
O Papa Urbano VIII deu permissão para que Galileo
comparasse os sistemas de Copernicus e Ptolomeus. No entanto,
o Papa estabeleceu uma condição: nenhuma conclusão deveria ser
alcançada quanto a verdade de qualquer uma das teorias uma vez
que somente Deus sabe como ele criou o universo.
Assim, em 1624 Galileo começou o seu grande livro,
Dialogo sopra i due massimi sistemi del mondo
("Diálogo sobre os dois principais sistemas de mundos"), que
originalmente seria chamado de "Diálogo sobre o fluxo e
refluxo das marés". O trabalho recebeu o novo nome por
exigência dos censores uma vez que era bem conhecida a
insistência de Galileo de que a sua teoria das marés fornecia
uma prova conclusiva da teoria heliocêntrica.
O
"Diálogo" foi terminado em 1630 e depois de muito atraso,
causado por pressões exercidas pelos inimigos de Galileo, foi
relutantemente dado a ele o "imprimatur" da igreja.
O
livro, escrito em italiano, foi publicado em Florença em
fevereiro de 1632. Seu nome era
Dialogo di Galileo
Galilei Linceo
Este é o frontispício do "Diálogos
Relativos ao Sistema de Dois Mundos" de Galileo, publicado em
1632, que fez ele ser levado perante a Inquisição uma vez que
ele tinha sido avisado em 1616 a não ensinar a teoria de
Copernicus. De acordo com as indicações, Copernicus está a
direita com Aristoteles e Ptolomeus está à esquerda.
Entretanto, Copernicus foi desenhado com o rosto de Galileo.
Embora Galileu use de subterfúgios no capítulo final
de seu livro, como era de se esperar, o peso dos argumentos
apresentados por ele torna a conclusão científica
indiscutível: Copernicus estava certo.
Ocorre que as
idéias de Galileo estavam em contradição direta com a visão do
mundo ensinada pela igreja católica.
O papa Urbano
ficou furioso após ser convencido por seus auxiliares de que
Galileo não somente advogava a teoria de Copernicus contra a
de Ptolomeus mas também o tinha enganado ao não informá-lo da
existência de uma proibição supostamente enviada a ele pelo
Comissariado Geral em 1616.
Além disso, parece que o
papa pode ter sido persuadido por adversários de Galileo de
que um dos personagens do "Diálogo", chamado Simplício e que
era apresentado como um ambulante ligeiramente estúpido, havia
sido modelado na personalidade do próprio papa. Se fosse na
época de hoje, onde vemos o domínio da estupidez em vários
governantes, o papa não levaria isso a sério mas naquela época
ele certamente ficou zangado!
Com o livro amplamente aclamado
como uma obra prima, e a autoridade de Roma enfraqecida, o
papa Urbano VIII reagiu com truculência. Quase imediatamente o
livro foi condenado e, em outubro, foi dada a ordem de parar a
sua venda e recolher todas as cópias. O Papa ordenou que a
Inquisição investigasse Galileo como herege. A imagem ao lado
é uma pintura que mostra Galileo perante a Inquisição.
Em 1633 Galileo foi formalmente interrogado durante 18
dias e no dia 30 de abril confessou que sua defesa das teses
Copernicanas no livro "Dialogo" tinham sido fortes demais e se
ofereceu para refutá-las no seu próximo livro. Mesmo assim, o
Papa decidiu que ele deveria ser julgado. Ao lhe serem
mostrados os instrumentos de tortura Galileo se retratou. Em
uma cerimônia formal da igreja de Santa Maria Sofia Minerva
Galileo se arrependeu de seus erros. A Inquisição o condenou,
em 1633, à prisão perpétua por ter mantido a heresia
Copernicana. Isto tomou a forma de prisão domiciliar em sua
casa em Sienna, próxima a Florença onde ele passou os anos
restantes de sua vida.
O Livro dos Decretos da
Congregação da Inquisição registra o sentenciamento de Galileo
em 1633.
|
16 junho 1633 Galileo
Galilei, pelas razões acima, como decretado por sua
Santidade, deve ser interrogado no que diz respeito à
acusação, mesmo ameaçado com tortura, e se ele o mantém,
proceder a uma abjuração do veemente [suspeito de
heresia] ante a completa Congregação do Santo Ofício,
sentenciado a aprisionamento ao prazer da Santa
Congregação, ordenado, tanto na escrita ou falando, a
não tratar mais de qualquer maneira da mobilidade da
Terra ou a estabilidade do Sol; ou caso contrário ele
sofrerá a punição de reincidência. O livro realmente
escrito por ele, cujo título é "Dialogo di Galileo
Galilei Linceo", deve ser proibido. Além disso, que
estas coisas possam ser conhecidas por todos, ele
ordenou que cópias da sentença precedente devam ser
enviadas a todos os Núncios Apostólicos, a todos os
inquisidores contra a depravação herética, e
especialmente ao Inquisidor de Florença que deve
publicamente ler a sentença para toda a sua congregação
e mesmo na presença de tantos quanto aqueles que ensinam
matemática e que ele possa reunir.
|
A abjuração de Galileo
aparece na Livro dos Decretos logo em seguida ao seu
sentenciamento.
|
"Eu não mantenho e não mantive
esta opinião de Copernicus desde que a ordem foi
notificada a mim de que eu devo abandoná-la; no que
resta, eu estou aqui em suas mãos - façam comigo o que
desejarem." Sendo mais uma vez ordenado falar a
verdade, caso contrário auxílio seria obtido pela
tortura: "Eu estou aqui para submeter-me, e eu não
tenho mantido esta opinião desde que a decisão foi
pronunciada, como eu declarei." E uma vez que nada
mais poderia ser feito na execução do decreto, sua
assinatura foi obtida, e ele foi enviado de volta ao seu
lugar. "Eu, Galileo Galilei, declaro solenemente como
acima."
|
Galileo realizou
várias experiências revolucionárias na mecânica e em outros
campos da física. Entre as suas realizações na mecânica estão:
- desenvolvimento do conceito de inércia, mais tarde
refinado por Newton.
- descobriu, entre outras coisas, que os objetos não caiam
em taxas diferentes como Aristóteles tinha acreditado.
Várias experiências realizadas com corpos em queda livre
demonstraram que a "aceleração da gravidade" é independente
da massa. No entanto, não há qualquer evidência histórica de
que Galileo tenha, realmente, lançado objetos do alto da
torre de Pisa. Ao contrário, tudo indica que suas
experiências foram conduzidas com um plano inclinado.
- também deve-se a Galileo a primeira teoria da
relatividade, válida para velocidades muito menores do que a
velocidade da luz. As transformações nesta teoria são
conhecidas como "transformações galileanas" e relacionam as
coordenadas espaciais e temporais de dois referenciais que
possuem uma velocidade relativa constante.
Em 1638 Galileo ficou totalmente
cego e o resto de sua vida foi gasto com estudantes, incluindo
Vincenzio Viviani e Evangelista Torricelli, e seu filho
Vincenzio além de uma ampla correspondência científica.
A Inquisição impediu Galileo de publicar mas ele
continuava a escrever. Seus assistentes salvaram dos censores
seu último trabalho, o Discorsi, a culminação
das pesquisas de uma vida sobre as leis da mecânica. Publicado
em Leiden em 1638 ele se tornou a pedra fundamental sobre a
qual as ciências da física, astronomia e cosmologia iriam se
erguer.
Galileo morreu em Arcetri (imagem ao lado),
próximo a Florença, no dia 9 de janeiro de 1642, e está
enterrado na Igreja de Santa Croce, em Roma, próximo à tumba
de Michelangelo.
Há uma excelente página (em inglês)
sobre a vida e a época de Galileo no site The
Galileo Project da Rice University.
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