O termo "renascença" descreve o período da história européia
que vai do início do século XIV até o final do século XVI.
O termo "renascença" se originou da palavra italiana "rinascita", que literalmente significa
"renascer", e descreve as mudanças radicais que ocorreram na
cultura européia durante estes séculos. É nesta época que vemos o
desaparecimento da idade média e, pela primeira vez, a incorporação à
sociedade dos valores do mundo moderno.
Neste período vemos a exploração do globo terrestre com as grandes
navegações feitas por portugueses e espanhóis. Vemos também um incrível
desenvolvimento da expressão artística, com Leonardo da Vinci, Rafael, Ticiano, Michelangelo e também das ciências com
Copérnico, Tycho Brahe, Kepler e Galileu.
No entanto, este desenvolvimento não deve ser confundido com liberdade. A
Igreja Católica dominava fortemente o pensamento da época. As artes e a
ciência passavam pelo crivo de seus censores. Cientistas como Copérnico e
Galileu apresentaram suas idéias, e sofreram por causa delas, nesta
época. Alguns como Giordano Bruno foram
queimados por apresentarem interpretações científicas diferentes daquelas
apoiadas pela Igreja Católica.
Apesar de tudo
isto, a era do renascimento tirou o mundo da apatia e ignorância em que
ele havia sido lançado durante a Idade das Trevas.
É importante ter em mente que essas divisões históricas não são muros
rígidos em torno de idéias. Na Europa do século XIII, ainda Idade Média,
já havia uma forte insatisfação com a física e a astronomia de
Aristóteles e de Ptolomeu. Nos séculos XIII e XIV muitos fatos
científicos desconhecidos de Democritus, Aristoteles e tantos outros filósofos naturais já
haviam sido acumulados e pediam novos métodos de análise.
Nesta época, surgiu Roger Bacon, um monge franciscano ingles
que enfatizava que o método científico consistia em fazer observações e
não realizar a eterna leitura de textos antigos. Para ele o método
científico significa observar, usar a matemática, comparar os resultados
obtidos com os experimentos feitos e voltar a fazer observações. Para ele
era preciso se libertar dos velhos clássicos e criar uma nova maneira de
encarar a ciência. Já no século XIII ele tinha a coragem de declarar:
"Em qualquer ciência é essencial seguir o melhor
método, isto é, estudar cada coisa na ordem correta, colocando o
primeiro no começo, o fácil antes do difícil, o geral antes do
particular, o simples antes do complexo. A apresentação deve ser
conclusiva e isto é impossível sem a experiência. A autoridade não vale
nada se suas asserções não podem ser substanciadas: a autoridade não
ensina, ela exige apenas concordância. Raciocinando comumente
distinguimos entre sofismo e prova, verificando conclusões pela
experiência."
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Não foi apenas Roger Bacon que apresentou críticas à ciência oficial.
Muito outros pensadores, ao longo da Idade Média, tiveram coragem de
apresentar idéias revolucionárias para a época. Muitos deles eram
religiosos!
No século XIV o bispo francês Nicholas Oresme
(1320-1382), um brilhante matemático, físico e economista, afirmou que o
movimento somente poderia ser percebido quando um corpo altera sua
posição em relação a outro corpo.
Com base nisso Oresme refutava a velha idéia de
que a Terra não podia girar em torno do seu eixo.
No entanto, Oresme é muito mais célebre por
ter, em algum momento antes do ano 1355, escrito o livro "Tratado
sobre a Origem, Natureza, Lei, e Alterações das Moedas", o primeiro
tratado sobre economia que falava sobre a teoria da inflação monetária!
No século XV, o
cardeal alemão Nicholas de Cusa (1401-1464)
(também chamado Nicholas Cusanus ou Nikolaus Krebs) argumentou
que, uma vez que foi Deus quem criou o Universo e Deus é infinito e sem
localização, o próprio universo também tinha que ser não limitado e sem
borda e centro.
Nicholas Cusanus fez a interessante afirmação
de que o Universo "é uma esfera na qual o centro está em todos os
lugares e a circunferência em lugar nenhum".
No entanto, a maioria dos cientistas ainda se apegavam
às idéias de Ptolomeus em plena
Renascença.
A imagem abaixo faz parte do livro "Cosmographicus liber"
do alemão Peter Apian (1495-1552) (também
chamado de Petrus Apianus,
ou Peter Bienewitz ou Peter Bennewitz),
publicado em 1524. Ela mostra o universo segundo a descrição de Ptolomeu.
O "Cosmographicus liber"
de Apianus era um texto altamente respeitado
sobre astronomia e navegação que teve pelo menos 30 edições em 14 linguas, permanecendo popular até o final do século
XVI.
Também é conhecido o fato de que, no começo do século XVII, um clérigo,
ao ser convidado para ver as manchas do Sol em um telescópio, declarou:
"Bobagem, meu filho. Eu li Aristóteles duas vezes e não encontrei
nada sobre isso. Não existem manchas. Elas são apenas resultado de
manchas nos seus óculos ou em seus olhos". As idéias de Roger Bacon
ainda levariam muito tempo para serem aceitas pela comunidade científica.
Apesar de tudo isso, a Renascença nos conduziu à "revolução copernicana" e, como consequência, à era moderna
da ciência.
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